Concertos UFRJ (17/08/2022)
Homenagem aos 60 anos do compositor Liduino Pitombeira
Programa 2
Concerto para Viola e Orquestra Nº 1, Opus 186 (2013)
- Yin
- Yang
- Young
A obra foi construída sobre a ideia de ciclo contínuo de opostos, inspirada na filosofia do Taoísmo, em que as forças da vida são representadas por duas polaridades: Yin, Yang. Esses dois pólos são continuamente transformados de um para o outro. Assim, por exemplo, quente (yang) torna-se frio (yin) e frio torna-se quente, noite (yin) torna-se (dia) e assim por diante. Além desses elementos básicos, várias outras camadas de significados se sobrepõem ao longo da obra.
O primeiro movimento, Yin, abre com uma estrutura chamada pólo hexatônico. Essa estrutura, composta por apenas seis notas (neste caso, C, C#, E, F, G#, A), está associada a fenômenos sobrenaturais e é empregada aqui como metáfora em que se prepara o ambiente para um retorno alegórico de Paganini da morte, para interpretar “Harold in Italy” (peça de Berlioz dedicada a Paganini), mas de forma modificada (intervalos invertidos). Embora o Yin seja um movimento tranquilo, ele já possui as sementes do Yang, representadas através de breves explosões de energia e passagens rápidas.
O segundo movimento, Yang, é construído sobre um tema dodecafônico, que aparece logo no início. O número doze representa as doze forças zodiacais, ou seja, o destino. Este tema de doze notas é a fonte de todo o movimento em termos de elementos horizontais (melódicos) e verticais (harmônicos). Apesar de ser mais energético, o Yang contém as sementes da tranquilidade (Yin).
O último movimento, Young, uma homenagem ao violista Richard Young, a quem a obra é dedicada, é um “moto perpetuo”.
Ouviremos a gravação da estreia realizada por Richard Young com a Orquestra Sinfônica de Ribeiro Preto, regida por Alex Klein, no Theatro Pedro II de Ribeiro Predo em 25 de maio de 2013, na Série Concertos Internacionais.
Cordel No.1: A Saga de Corisco para orquestra de cordas Opus 111 (2006)
- Emboscada
- Crepúsculo
- Desafio
Esta é a primeira peça de uma série para cordas intitulada Cordel, que retrata personagens, fatos históricos e lendas do nordeste brasileiro. O título da série é um jogo de palavras, fazendo referência tanto ao tipo de texto em que a peça se baseia (cordel) quanto à instrumentação para cordas (corda). Elementos universais e brasileiros se misturam para criar, atmosféricas e narrativas imagens associadas à idéia literária central.
A obra foi estreada durante a XVII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na Sala Cecília Meireles, em 25 de outubro de 2007, com a Orquestra Sinfônica da UFRJ, regida por André Cardoso. Ouviremos a gravação da estreia.
Cordel No.4: Santo Antônio de Russas para orquestra de cordas Opus 240 (2019)
- Bonhu
- Capela
- Barracão
Nesta quarta peça da série, a motivação deriva de uma localidade geográfica, Santo Antônio de Russas (CE), onde nasceu a minha mãe, Dolores Pitombeira. A peça foi recentemente gravada no CD Ritmos do Brasil, da Orquestra do Limiar, dirigida por Samir Rahme, a quem a obra é dedicada.